O PORCO INVISÍVEL | Tom Eagle
Quando os eventos acontecidos na Granja do Solar ultrapassaram os limites territoriais da pequena cidade de Willingdon e tornaram-se conhecidos, todos os animais - especialmente os cavalos, com tristeza; as ovelhas, com vergonha; e os burros, com remorso - empenharam-se na tarefa de transmitir ao futuro as barbáries ocorridas naquele sítio. Assim que as notícias sobre os abusos se tornaram conhecidas, os animais do mundo fizeram questão de contar a seus filhotes e a quem mais quisesse ouvir como um punhado de porcos escravizou mais de uma centena de indivíduos, numa estância acaçapada nos arredores de Brighton. A fim de que a ignorância e o risco da escravidão diminuam, os bichos fizeram voto de manter viva a lembrança dos acontecimentos sucedidos naquele rancho prodigioso. Desde então, não é incomum ouvir, entre frestas de galinheiros ou à beira de riachos, as estórias sobre o espírito colaborativo de Sansão, sobre o comprometimento das galinhas, bem como sobre a crueldade e a vilania de Major, Bola-de-Neve, Napoleão e de Garganta contra seus companheiros. A omissão do burro Benjamin, vendo cair seus colegas um após o outro, deixa o ouvinte consternado. A passividade das ovelhas é, em si mesma, uma lição sobre o grave dever de participar ativamente da vida pública e dos rumos políticos da fazenda, de qualquer fazenda do mundo.
Para que as aventuras ocorridas na antiga Granja do Solar jamais caiam no esquecimento e para que a ignorância não produza novos modos de aprisionamento na história, os animais decidiram que era preciso reunir o máximo de informação possível e revelar todos os fatos escondidos, que favoreceram o surgimento de ditadura tão cruel naquelas paragens. Após tantos sofrimentos e injustiças, foi necessário analisar mais de perto as ações dos porcos e instruir-se com os erros dos mártires de Willingdon. A fim de honrar o sangue de seus compatriotas, os animais bisbilhotaram e descobriram detalhes secretos, circunstâncias absconsas, pormenores ignorados por aqueles que conhecem apenas a versão oficial da revolta.
Este é o espírito dos relatos narrados nas CRÔNICAS INTEMPESTIVAS SOBRE A FAZENDA DOS BICHOS: trazer à luz detalhes que explicarão o sucesso de Major e sua malta sobre as vítimas da Granja do Solar; expor segredos encobertos de quem leu apenas o relato autorizado da Revolução dos Bichos, a fim de que os animais se precavejam contra a iniquidade ocorrida naquela quinta e ofereçam resistência, quando novos porcos pretenderem escravizar outros bichos, em outras fazendas mundo afora.
DETALHES DO PRODUTO
-
Quantidade de páginas: 64
-
Peso: 240 g
-
Material da capa do livro: Vinil
-
Tradutores: Robson Oliveira
-
ISBN: 9786585563000
-
APRESENTAÇÃO DO AUTOR
Tom Eagle é um escritor nova-iorquino, que foi recebido com entusiasmo entre os homens e mulheres norte-americanos no início do novo milênio. Pessoas comuns, pessoas que vivem suas vidas de modo simples, receberam seus textos com surpresa e alegria: finalmente, alguém que lhes falava ao coração. Caminhoneiros, empresárias, donas de casa, carpinteiros, advogadas, militares, fazendeiros e todo tipo de trabalhador, todo tipo de cidadão encontra em suas reflexões uma imagem do seu cotidiano, um chamado a seu homem interior, uma luz - nem sempre reconfortante - sobre seus dramas pessoais.
Contudo, Eagle é pouco conhecido nos ambientes cultos e bem letrados das universidades norte-americanas. Por seu caráter informal, costuma ser ignorado pela academia e menosprezado pela crítica "autorizada". De sua parte, o escritor entende e até aceita o silêncio dos acadêmicos sobre suas reflexões. Ele rejeita os rótulos academicistas e prefere conviver com pessoas de carne e osso, com o homem que confraterniza, sofre e chora as dores dos homens comuns, este homem que infesta as grandes cidades do mundo. Esta é a matéria-prima que alimenta sua alma, quando cria suas crônicas, contos e poesias.