Tempo de Mártires – por Pe. Matheus Pigozzo
- Robson Oliveira

- 13 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
Nova reflexão do Pe. Matheus Pigozzo, dessa vez sobre o iluminador artigo produzido por Bento XVI, em razã da grave crise moral pela qual vem passado a Igreja. Imperdível!
Tempo de Mártires
“Há valores que jamais devem ser abandonados por um valor mais alto e até mesmo superar a preservação da vida física. Há martírio. Deus é mais. Ele vale mais que a própria sobrevivência física. Uma vida comprada pela negação de Deus, uma vida baseada em uma mentira, ao final, não é vida. O martírio é a categoria básica da existência cristã”.
A necessidade de relembrar essa difícil e importante verdade fez Bento XVI romper seu silêncio frente a uma grande crise do pensamento teológico-moral de nossa era.
Bento XVI, dentro do contexto dos escândalos, sopra a poeira e abre a grande Veritatis Splendor de São João Paulo II denunciando a deficitária teologia moral perpetrada na atualidade.
Atualmente, em nome de uma pastoral supostamente mais atraente e menos rígida, com um slogan de ser mais evangélica, o nível de exigência de santidade caiu. Se fala de um ideal, mas que só é acessível a poucos “iluminados”, e, portanto, a moral do cristão comum não é a do tomar a cruz e seguir como nos falou Jesus, mas sim, olhar a cruz ver se pesa e, caso pese, deixar pra lá pensando mesmo assim ser um correto discípulo dEle.
A moral verdadeiramente evangélica – “não voltes mais a pecar” (A pecadora arrependida) “hoje mesmo devolverei tudo que roubei” (Zaqueu); “se não vos converterdes morrereis em vossos pecados” (Fariseus); “servo mal e preguiçoso” (Parábola dos talentos) – é rechaçada é colocada como contraditória à misericórdia de Deus. A misericórdia é pregada sem coadunação com arrependimento e compromisso.
Daí vem as falácias: “Deus não quer isso”; “no seu caso, não é errado”; “Deus vê o coração”.
Essa moral desmoralizante gera o cristianismo light, sem identidade e sem fé. O sacerdócio é uma entrega a Deus, mas “você é um homem normal”, os que casam prometem indissolubilidade, mas isso é até “acabar o amor”. A Eucaristia para pessoas em estado objetivamente de pecado torna-se quase uma normativa não ferindo o direito canônico, mas a verdadeira moral das Escrituras.
Lembrar que o benefício físico e até a vida natural não podem estar acima de sustentar alguns valores, é descortinar profeticamente a infâmia dos dias atuais.
O Cristão não é aquele que acerta sempre, não é aquele que não tem erros, mas é aquele que não desiste do caminho. O cristão é aquele que, mesmo com muita dificuldade, busca compreender que essa vida passa e que a eternidade não pode ser trocada. O cristão é aquele que tenta conformar a vida com o que disse Cristo, mesmo tropeçando, não por ser mais fácil, cômodo ou atraente, mas por ser o que Deus revelou como correto.
Admitir a moral dos três jovens da fornalha, dos sete filhos da mulher do livro dos Macabeus, do diácono Estevão, de São Paulo, dos mártires dos primeiros séculos e dos irmãos de hoje no oriente médio é verdadeiramente desconcertante para todos nós, mas, como disse Bento XVI já no declínio de sua vida, “uma vida baseada em uma mentira, ao final, não é vida”.
Cristo, Senhor da vida, nos conduza em sua misericórdia e verdade. Amém!
Pe. Matheus de Barros Pigozzo Arquidiocese de Niterói









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