Quer o tesouro escondido, precisa investir no campo
- Robson Oliveira

- 20 de jul. de 2019
- 3 min de leitura
Uma das imagens mais bonitas do Evangelho é a Parábola do Tesouro Escondido. O Evangelho nos conta de alguém que encontrou um tesouro fabuloso, escondido num campo. Consciente do valor incomensurável do tesouro, foi para casa, vendeu tudo o que possuía e foi comprar o campo.
Veja, a parábola só faz sentido se o tesouro escondido tiver um valor superior aos bens vendidos para adquirir o campo. Se o tal tesouro não for realmente mais valioso que os bens já possuídos pelo personagem da parábola, sair correndo para vendê-los para adquirir o terreno é sinal de estultície, não de inteligência. Efetivamente, não parece ser esse o caso. A parábola apresenta o tesouro escondido no campo como uma vantagem realmente significativa para o personagem. E por isso ele efetivamente adquire o campo com seu tesouro.
Mas há outros aspectos relacionados a essa parábola. De posse do terreno, cujo tesouro escondido aquece o coração do personagem, a prudência exigirá algo do novo proprietário. Sabendo que há ali algo de valor incomensurável, o personagem cercará a propriedade para que curiosos e aventureiros não descubram o segredo daquele terreno. Se puder, colocará vigias no terreno, a fim de garantir a segurança do tesouro e a tranquilidade de seu sono. Enfim, trabalhará para a segurança de seu bem mais precioso, o bem mais importante de sua vida. Eis a ponte com o sacramento do matrimônio!
As pessoas precisam entender que o matrimônio é comparável ao tesouro escondido do Evangelho. E como tal, necessita que invistamos nele. A posse desse tesouro exige trabalho, demanda esforço, solicita cuidado. Sem um investimento considerável, sem empenhar um tempo razoável, sem aceitar o empenho da própria vida, os benefícios fabulosos do matrimônio não se dão a seus componentes. A felicidade matrimonial não pode ser tratada como moeda fácil entre nós. Afinal, não há tesouro que seja fácil. Se você reconhece valor em seu matrimônio – e se reconhece valor inestimável -, você entenderá a necessidade de trabalhar e trabalhar incansavelmente pela preparação e manutenção do amor conjugal. De fato, é razoável que aquilo que muito valha, muito custe.
Logo, em razão da dignidade desse tesouro, por causa da grandeza do matrimônio, os cônjuges cuidarão de proteger seu matrimônio dos olhares de curiosos, evitando expor sua intimidade a toda pessoa em todo lugar; também colocarão sentinelas para a defesa dos ataques que seu matrimônio receberá de familiares frustrados, de inimigos francos, mas principalmente dos inimigos velados do amor conjugal. E o mais importante: saberão lidar com as imperfeições do terreno recém adquirido. Pois é necessário que se diga: se no centro do terreno há um tesouro magnífico, quem olha descuidadamente pode fixar os olhos apenas nos animais silvestres, nos galhos secos, nos insetos incômodos. Para possuir o tesouro é preciso ter um olhar de profundidade, é preciso olhar para além da aparência. Do mesmo modo, os dons especiais do matrimônio só se abrem para quem aceita as imperfeições do terreno, as limitações do campo, os incômodos dos animais silvestres.
Se você quer o tesouro do matrimônio, mas não tem paciência com os galhos dos defeitos alheios, não se case. Se você quer o tesouro do matrimônio, mas não aceita os insetos e animais silvestres que infestam a vida dos cônjuges e filhos de pecados, não se dê em casamento. Se você quer o tesouro escondido do matrimônio, mas não consegue conviver com a vida dura do campo, carpindo e novamente carpindo, arrancando tiririca e novamente arrancando, por favor, não se dê em casamento. Agora, se você entende que, mesmo sendo proprietário de um grande tesouro, em você também há muito trabalho a se fazer, muita erva daninha a arrancar, insetos a extirpar, animais silvestres a combater, então você está na estrada certa para o matrimônio. E a consciência das imperfeições próprias vai gerar o ambiente propício para a humildade, virtude necessária para fazer os cônjuges entenderem que no caos do campo, que é meu matrimônio, boa parte dos ratos e baratas não estavam no campo, quando de sua compra. Fui eu quem os levei para o meu lar com meus pecados e imperfeições, voluntárias ou não. Coragem! O tesouro vale mais que esses incômodos. Há trabalho, mas Deus mesmo há de recompensar todo o cuidado com o campo.









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