Preparação para o Matrimônio – V

Não se pode esquecer que as funções do ato conjugal no matrimônio são: a união do casal e a prole (cf. Familiaris Consortio, § 32; Sexualidade Humana: verdade e significado, §32). Por esse motivo, estar aberto à vida é condição para validade do matrimônio. Contudo, anexo ao dever de procriar, está o dever de educar. São João Paulo II afirma, naquela que é conhecida como a Carta Magna da Família, a Familiaris Consortio, que os pais cristãos devem educar os filhos que Deus lhes enviar:

Família, Dom de Deus

36. «Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como seus primeiros e principais educadores. Esta função educativa é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente poderá ser suprida. Com efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos.

E perceba-se que não se trata apenas de educação religiosa. Os pais são os primeiros responsáveis pela formação integral dos filhos. Por este motivo, o cuidado para dar a melhor educação possível é um dever e não pode ser negligenciado por nenhuma família cristã que assuma suas responsabilidades. Em outro lugar diz o Beato João Paulo II:

42. Saem, de fato, da família os cidadãos e na família encontram a primeira escola daquelas virtudes sociais, que são a almada vida e do desenvolvimento da mesma sociedade. (…) 43. Deste modo a família, como recordaram os Padres Sinodais, constitui o lugar nativo e o instrumento mais eficaz de humanização e de personalização da sociedade. Colabora de um modo original e profundo na construção do mundo, tornando possível uma vida propriamente humana, guardando e transmitindo em particular as virtudes e «os valores».

Ora, se é assim, o casal que se dá em matrimônio como dom de si a outro deve meditar sobre as condições materiais daquela união, pois ela tem a grave responsabilidade de educar a prole que Deus lhes enviar. Se o dever de educar na fé é fundamental, não se use esse artifício para descuidar da formação humana, tão importante para o desenvolvimento humano completo e sadio.

Não se resvale em um espiritualismo pagão em nome do descaso e da preguiça. Os filhos dados às famílias por Deus têm o direito de serem formados espiritual e humanamente com esmero. As famílias cristãs precisam ocupar-se com essa tarefa e precisam preparar-se para cumpri-la do melhor modo possível.

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