O amor não admite plano B
- Robson Oliveira
- 8 de ago. de 2019
- 2 min de leitura
Não existe experiência humana mais frustrante do que perceber que o amor que alguém lhe oferece é, na verdade, utilitarismo. Arrisco-me a dizer que essa experiência é uma das mais transformadoras e pode mudar definitivamente o modo como alguém se relaciona com a própria vida. Com efeito, o homem é capaz de lidar com o utilitarismo, ele sabe que é usado de muitos modos em nossa sociedade. Mas se alguém oferece amor para outra pessoa, não se admite que esse amor seja mesquinho, não se admite que traga o selo do utilitário. De outro modo, os homens aceitamos que nos usem (pense nas relações profissionais, sociais, políticas.. ), mas não conheço pessoa que se mantenha inteira ao descobrir que o que foi oferecido como amor era, na verdade, uso e instrumentalização.
Que filho aceitaria feliz o amor de um pai que fosse medido pelos resultados no menino no time do colégio? Ou que mãe aceitaria um amor de uma filha que condicionasse seu sentimento aos baixos custos do plano de saúde da velha? Ou ainda: quem de nós aceitaria chamar de amor o sentimento de qualquer pessoa que condicionasse o amor à saúde do amado? É francamente vilipendioso para com a dignidade do amor impor limites dessa natureza.
Pois quando se trata de amor, quando se trata de doar-se a alguém, não pode haver Plano B, não pode haver uma situação na qual aquele que ama impõe limites ao amor. Quem ama deve estar disposto a ir até o fim.
Ora, é claro que a defesa da inviolabilidade do amor não transforma esse ato num ato fácil, prazeroso, simples. Antes, por que empenha toda a vida, quem se dá em matrimônio entrega nas mãos de alguém algo muito valioso. É normal que dê medo. É absolutamente normal que gere receio de não ser correspondido. Numa sociedade tão desconfiada do amor, é bastante comum que assim seja. Mas a desconfiança de um povo não pode nos abater de tal modo que desconfiemos do amor. As promessas de recompensa nessa vida não podem fazer com que percamos a esperança na família. E ao admitir um outro modo de vida, um plano diferente daquele que escolhemos no dia do nosso matrimônio, já aceitamos que o amor não tem a última palavra entre nós. Para quem ama, não há Plano B.
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