O amor envelhece?
- Robson Oliveira
- 16 de fev. de 2019
- 2 min de leitura
O amor entre os esposos cristãos pode esfriar? O amor tem data de validade? Enfim, o amor pode envelhecer? Para arrepio dos românticos inveterados, contra a propaganda das mídias, filmes e séries de tv, contra nossa contínua mania de negar os fatos que nos cercam, o amor matrimonial pode, sim, esfriar e morrer. Um matrimônio vivo e fecundo em seu início pode transformar-se em algo morno e insalubre, caso os membros do relacionamento descuidem dos elementos necessários para um relacionamento saudável. Mas só um tipo de amor sofre desse envelhecimento precoce. Apenas quem vive de amor sensível vê seu matrimônio envelhecer antes do tempo. Só quem se move por recompensas na carne permite que o amor conjugal perca a validade.
Há três tipos de amor, segundo a filosofia clássica: eros (amor sensível), filia (amor de amizade), ágape (amor espiritual). O amor de sensibilidade, também chamado de amor erótico, usa do bem amado para satisfazer-se e, em certa medida, muito rapidamente envelhece e perde o viço, muito rapidamente perde o interesse. De fato, no nível sensível, assim que termina a recompensa do amor de consumo, a atração do objeto perde força sobre o amante. Perceba: se o amor conjugal está identificado com o amor sensível, se tudo o que se busca no parceiro são as recompensas sensíveis que esse possa lhe proporcionar, não é raro que esse relacionamento muito rapidamente perca seu brilho, sua vida, sua atração, pois esse benefício sensível é fugaz e fastioso.
O amor matrimonial precisa ser, no mínimo, um amor de amizade. Amor que retribui o carinho dado (filia) e amor que dá sem esperar recompensa (ágape). Esse amor espiritual precisa ser o que dá forma ao matrimônio católico. Mas se os cônjuges têm um amor erótico um para com o outro, amor de recompensas, amor sensível, amor de consumo, o início do matrimônio pode ser muito recompensador, mas rapidamente esse matrimônio será testado: quando a doença surgir, quando a velhice chegar, quando alguém mais novo e interessante aparecer. Então, morre o amor que nasceu com data de validade, o amor baseado na sensibilidade. Por isso, senhoras se deixam atrair pela juventude do mancebo. Por isso, senhores buscam aventuras com meninas. Sempre em busca da recompensa sensível. É muito triste que no ocaso de nossas vidas, no entardecer de nossas biografias, registremos tão frequentemente essas senhoras e senhores seduzidos pelo brilho da juventude, cedendo aos clamores do corpo.
Proteja seu matrimônio fundado-o sobre algo menos mutável, sobre a alma. Ou sobre algo ainda mais seguro que a alma, sobre o amor de Deus por nós, pois mesmo a nossa alma – nossos princípios, valores, ideais – também pode mudar. Com efeito, acredite, o tempo vai corroer toda a aparência do seu cônjuge e você terá de lidar com aquilo que ele é. O tempo destruirá tudo o que nele há de atraente e você deverá permanecer com aquilo que ele tem de permanente. Acostumemo-nos com essa ideia. Somos o que somos diante de Deus, e só. Os matrimônios devem se sustentar no amor de Deus por nós, amor que Ele mesmo comparou ao amor conjugal. Como Ele é fiel à sua Noiva, cada um dos cônjuges deve ser fiel mutuamente, em retribuição a tamanha graça. Esse tipo de amor nunca envelhece!
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