Eu sinto que tenho duas vontades dentro de mim… O que é isso?
- Robson Oliveira

- 21 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Não é verdade que muitas vezes a gente não sabe como agir de modo correto? Como diz São Paulo: “Vejo o bem que quero mas faço o mal, que não quero”(Rm 7, 19). É como se houvesse duas vontades dentro de nós, duas pessoas rivalizando sobre quase tudo: quando vou almoçar, uma vontade quer saciar-se de gorduras e guloseimas, outra lembra-me da saúde e da vida frugal; quando me preparo para estudar, uma quer grudar-me ao controle remoto, enquanto outra insta-me a levantar; quando lembro dos deveres de pai, uma quer desculpar-se com meu cansaço, outra recorda-me minha missão conjugal e paterna. O que é isso? São duas vontades que em mim habitam?
Não, não temos duas vontades. A faculdade da vontade, que empurra cada indivíduo à busca do que se entende como bem da natureza humana, essa faculdade é única. Mas há outras potências humanas, como as paixões e as emoções, que não estão totalmente submetidas ao intelecto ou à vontade. Essas potências têm influência sobre as faculdades mais altas e podem confundir o indivíduo. Veja: quando se está em dúvida sobre a guloseima ou a berinjela, não se trata de um bem e um mal. São dois bens: um bem sensível e outro bem inteligível; um bem agora e um bem para o futuro. Nesse caso, o que há é uma tensão entre o prazer e o dever de preservar a saúde. É preciso fazer uma escolha.
Há outros casos menos inocentes, quando o que está em jogo é o bem moral, como o que acontece com a castidade ou a continência de solteiros. Ora, não se discute que o prazer sexual é um bem ontológico e físico, mas esse bem precisa ser ordenado. Ceder a esses desejos é cometer um erro moral e um pecado. Quem controla essa luta, portanto, que todos temos dentro de nós. Quem controla? A virtude da temperança.
Os matrimônios precisam entender que, em muitíssimos casos, as crises morais se dão porque não se guarda a virtude da temperança. Sem deixar de alimentar as paixões e sentimentos, é muito difícil resistir a suas investidas. E não haverá paz e avanço sobre a própria formação enquanto ainda formos joguetes nas mãos de nossos próprios desejos. Não há escravidão mais severa que a escravidão da própria vontade. E contra essa, a única libertadora é a temperança.










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