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Espelho, espelho meu…

O que pedir a Deus, senão que nos livre de todo o mal? O que implorar senão que nos livre de todos os nossos inimigos e desafetos? E qual é o nosso maior inimigo? O Salmo 42 (43) representa todo o mal sob a imagem da “gente impiedosa”, do “homem perverso e mentiroso”:

–1 Fazei justiça, meu Deus, e defendei-me * contra a gente impiedosa; – do homem perverso e mentiroso * libertai-me, ó Senhor!

Mas quem é o homem perverso e mentiroso? Certamente, a leitura rasa vai buscar dentro do círculo de amizades, no grupo do trabalho, nos vizinhos mal-humorados, nos familiares mais distantes aqueles cujo Salmo, em nossa perspectiva, quer nos alertar. Contudo, será que essa interpretação é a mais acertada? Será que é esse o convite do salmista a todos nós?

O Evangelho ilumina o Antigo Testamento. À luz do Verbo Encarnado, as palavras veterotestamentárias ganham nova cor. Lendo novamente o versículo 1 do Salmo 42 (43), sente-se intimamente que o homem perverso e mentiroso não deve ser primeiramente uma outra pessoa. Afinal, os ensinamentos de Jesus, as lições do Evangelho sempre nos incitam a perdoar e acolher cada indivíduo, especialmente os mais necessitados. Deve-se perdoar 70 x 7, diz a Escritura! Sob a perspectiva do cristianismo, que lemos no Evangelho, essa interpretação do Salmo não satisfaz. Deve ter um segredo aqui. Mas então, de quem fala o Salmo? Atenção: e se o homem perverso e mentiroso for simplesmente eu e você?

Um dos ensinamentos mais importantes do Senhor é o da impossibilidade de se fazer parte da Vida Eterna sem a conversão do coração (metanóia). A porta é estreita e só é admitido ao Banquete das Núpcias quem trocar as vestes ordinárias pelas vestes de festa. Assim, o foco é interior, trata-se de uma mudança interna, de tal forma que o “homem perverso e mentiroso” é nada mais, nada menos que o homem velho, que mora em cada coração. Assim, quando o salmista suplica a Deus que o livre da gente impiedosa, não deve estar fazendo referência primariamente aos outros nossos irmãos, que têm suas cruzes e desafios como eu e você, mas certamente o salmista se refere ao homem mau que mora em cada um de nós. O versículo 1 do Salmo 42 (43) não é uma imprecação contra os vizinhos, uma maldição contra os inimigos, nem  uma praga contra seus desafetos, mas uma súplica pela própria conversão, que só é levada a cabo eficazmente se iniciada e orientada pelo Deus das Misericórdias.

Ao suplicar a Deus que o livre do homem perverso e mentiroso, o salmista reúne de uma só vez todos os fiéis que, durante os séculos, lutarão contra a fera que mora dentro de si. Só quem já guerreou contra esse inimigo oculto sabe como ele é astuto e quanto resiste à morte. O homem velho não morre nunca, só finge de morto. Por isso, é pertinente a oração do salmista: livrai-nos, Senhor, de nós mesmos. Cuida, Senhor, para que não O atraiçoemos.

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