Em que creem os ateus???
- Robson Oliveira

- 8 de abr. de 2018
- 2 min de leitura
No meio acadêmico é proibido crer. Dizem que o espírito crítico e a produção científica não podem conviver com a imprecisão nem – alguns mal-educados afirmam – com a ingenuidade da fé. Eles costumam defender a preponderância do discurso científico sobre a crença e, quase sempre, afirmam estar além desta dicotomia “burra”.
Segundo o espírito positivista (de Auguste Comte), os acadêmicos até aceitam que a crença existe e tem seu papel. Mas para eles, a fé é um estágio da humanidade que, já evoluindo do mito para a religião, um dia abandonará a fé e render-se-á à ciência e suas conquistas.
O que os acadêmicos (e seus alunos) esquecem é que a fé não é só uma ação própria dos que creem. Por definição, fé é a atitude de dar crédito à palavra de alguém, pela razão de esta pessoa merecer tal crédito. Ora, cremos em muitas coisas durante cada dia: cremos no padeiro, que não estava com raiva do mundo e não envenenou os pãezinhos; cremos no motorista, que não avançará o sinal vermelho enquanto atravessamos. Em outro nível, cremos também nos arquitetos e engenheiros que construíram nossas casas; nos médicos que nos atendem nos hospitais; nos professores que nos ensinam nas escolas e universidades, ou vocês já pediram para ver os diplomas desses profissionais?? A fé permeia toda a nossa vida, todos os momentos de todos os dias. Bater no peito e bradar: eu não creio é um ato de burrice, não de inteligência!
Além disso, o ato de confiar será tanto mais forte quanto mais meditado e refletido for seu exercício, pois confiar exige reflexão. Contrário ao que pensam os acadêmicos, crer é próprio de quem medita e não do ingênuo. A fé é ato humano e, portanto, pleno de vontade e inteligência. Não se crê porque faltou informação, mas porque é conveniente crer, há razões para acreditar. Como quando o leigo pergunta para o médico sobre a dor no braço e ele diz – sem examinar e meio correndo: “não é nada”. Ainda que nada seja, não inspira a confiança que um outro médico, após exames e com o cuidado determinado, pontifica: “não é nada”. Há razões para acreditar mais no segundo relato do que no primeiro, pois crer não é ato de obscurantismo, mas de esclarecimento.









Comentários