Divirta-se com seu amor
- Robson Oliveira

- 14 de ago. de 2019
- 4 min de leitura
Quando o matrimônio passa pela crise (e todos os casais passam, às vezes, mais de uma vez), o primeiro a se deteriorar é o relacionamento do casal. O emprego corre risco ou a chefe do setor é maluca, mas quem recebe farpas e ferroadas é a esposa; o orçamento está apertado ou a casa precisa de reforma, mas quem ouve gritos e ironias é o esposo. Os casais precisam lembrar que, nos momentos de tensão, parece que tudo fica pesado, tudo ganha a cor de chumbo, tudo fica cinzento. Nesse momento, deve-se usar dos remédios que a história da humanidade encontrou para amenizar relações. De fato, um excelente remédio para desanuviar os humores e desarmar espíritos é rir, divertir-se, fazer algo que traga alguma alegria ao casal.
Já vimos no A Casa sobre A Rocha #22 (https://www.facebook.com/prof.robsonoliveira/videos/323139711732762/), que a tristeza é uma paixão poderosa, que pode levar alguém à angústia ou até as portas da depressão. E o remédio contra todo tipo de tristeza são os prazeres ordinários. Aliás, já dizia o Aquinate: “delectationes sunt medicinae contra tristitiam” – os prazeres são remédios contra a tristeza. Pois veja: quando os problemas chegam aos matrimônios, causam dores que são a matéria-prima para a tristeza. Se o casal possui o hábito de sair, de encontrar algo bacana pra fazer em conjunto, mesmo que seja simples como ver um filme ou passear na praça, essa ação simples produz o prazer necessário que diminui a tristeza, produzida pela tensão no trabalho, pela pressão no orçamento, pela saúde abalada, sei lá. Divertir-se, buscar algum prazer honesto na vida, é necessário para tirar a pressão da vida e melhorar o relacionamento dos casais. Mas um problema surge aqui.
A questão é que, por causa da mudança social de nossos dias, realizar ações recreativas está cada vez mais difícil. Com efeito, por sua própria natureza generosa, as mulheres têm grande dificuldade de se desligar de suas tarefas profissionais. Talvez por causa de suas característica mais irresponsável e descuidada, a maioria dos homens consegue desligar-se de seu trabalho e aproveita os momentos de lazer com mais facilidade que as mulheres. Em razão do seu caráter responsável, sacrificado, produtivo e comprometido, a maioria das mulheres resiste às atividades de lazer e, mesmo quando as aceita, não as vive plenamente. Hugo de Azevedo diz algo espetacular sobre a dificuldade atual que as pessoas têm de darem tempo ao lazer:
“Entre mulheres o problema complica-se por duas grandes qualidades que possuem: a capacidade de dedicação e o espírito de sacrifício. Geralmente, os homens cumprem as suas tarefas e descarregam o que ainda falte sobre os superiores. Eles que se virem! Arrumam a mesa e deixam de lado o trabalho. Com as mulheres não costuma ser assim: afligem-se com as preocupações dos chefes e fazem horas extraordinárias sem pensar em recompensa, por puro sentido de responsabilidade” (AZEVEDO, Hugo de. O bom humor. São Paulo: Quadrante, 1991).
Perceba o coquetel molotov que nosso tempo está preparando: de um lado, as crises matrimoniais acabam por chegar, mais cedo ou mais tarde, em todos os lares, lançando cinza nos relacionamentos. De outro lado, a solução para diminuir a tensão e o diálogo voltar as boas aos lares é que o casal tenha momentos de lazer e alegria. Contudo, por causa de suas atividades profissionais e do temperamento das mulheres, as quais ordinariamente são mais dedicadas e oblativas em tudo o que fazem, esses momentos de crise ganham ainda maior intensidade e duração, pois elas não conseguem encarar o lazer e a diversão como algo necessário, algo inclusive salutar para os seus relacionamentos.
Entendam, a antropologia filosófica ensina que o caráter lúdico do ser humano é necessário. Brincar faz parte da natureza humana. E como disse acima, a filosofia já consignou que qualquer prazer diminui a tristeza do coração dos homens (por isso tantos procuram as drogas lícitas e ilícitas). Com efeito, brincar é um modo de resgatar a saúde interior, é um modo de se cuidar. Prazeres lícitos, diz o Aquinate, são ótimas ferramentas para desanuviar o espírito e conseguir alguma oportunidade para cuidar da vida. Por isso, não deixem de se divertir. Os casais precisam arrumar tempo para fazer coisas que gostam, que dê algum prazer aos dois, pois esses atos vão facilitar o diálogo e o relacionamento entre os dois e, nos momentos de tensão mais profunda, trará a luz necessária para ultrapassarem os obstáculos familiares. E não pensem que é inteligente economizar nisso. Tenho visto casais que economizaram no cinema e no chopp mensal, mas hoje estão profundamente arrependidos por não terem investido mais em seu relacionamento.
Faça a manutenção do seu matrimônio. Ria com seu cônjuge. Vá ao cinema com seu esposo. Vá à praia com sua esposa. Chame a vovó pra ajudar. Chame a tia pra apoiar. No limite, pague uma babá! Garanto que a babá custa menos (financeira e emocionalmente) que os remédios, o psiquiatra e que o processo de divórcio. Salve seu matrimônio: faça sua esposa rir!









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