Dieta para o corpo e para a alma
- Robson Oliveira
- 1 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
Quem cuida do abdômen com zelo precisa cuidar da sua alma com igual esmero; e quem cuida da alma tem de lembrar que ela é feita para coisas muito mais altas que a satisfação mesquinha e horizontal do “dever cumprido”
O início do ano é sempre momento de realizar novos propósitos, retomar antigas batalhas: aquela luta contra a balança, a guerra contra um vício especialmente arraigado, a difícil reconciliação com um parente próximo. Dia 2 de janeiro, costuma-se dizer, é o dia mundial dos propósitos de dieta – e também dos desejos de santidade. E entendo que é bom que seja assim. Não se pode criticar qualquer propósito de melhora da saúde do corpo, muito menos da alma. Se uma data significativa ajuda no processo, por que condenar essa atitude? O que não se pode perder de vista é que essas datas comemorativas não têm nada de mágicas. O dia 01 de janeiro é ontologicamente igual ao dia 31 de dezembro. Portanto, toda tentativa de melhora da vida espiritual ou física exigirá de indivíduo uma força incomum. E não se esqueça que o homem é um ser completo.
O maior erro das promessas de início de ano é pensar que seja possível alguma melhora significativa física ou moralmente, a despeito das mudanças espirituais necessárias. Como alguém que é espiritualmente tíbio conseguirá ser constante na dieta ou no exercício? Como alguém que até é moralmente justo agirá diante da injustiça alheia? Apenas um horizonte transcendental pode sanar essa sede de justiça e beleza, de bondade e de imortalidade, que está no coração de todo homem. Afora Cristo, o que há é frustração: a beleza alcançada a custa de muito suor e dieta sumirá em um incidente automobilístico; a justiça conservada a duras penas durante décadas sucumbirá diante de um juiz iníquo. Por essa razão, de nada valem esforços hercúleos para alcançar a massa muscular ideal, sem ao menos o mesmo empenho para criar “massa” moral: virtudes como constância, persistência, confiança, esperança são fundamentais para quem pretende mudar de vida física, mas também moralmente. De outro lado, confiar nas próprias forças morais é um equívoco comum e transforma o indivíduo em um legalista autorreferenciado. A cura para o estoico salvador de si mesmo é uma perspectiva transcendental, mais espiritual: o imperfeito nunca alcançará a perfeição por suas próprias forças!
Promessas de mudança na dieta não podem esquecer de levar a cabo transformações éticas e morais; assim como não se pode perder de vista que uma moralidade horizontal é só um outro modo de massagear o próprio ego. A Salvação proporcionada por Jesus Cristo é destinada a todo homem, mas também é para o homem todo. Não se pode limitar o Senhorio de Cristo sem trai-lO. Quem cuida do abdômen com zelo precisa cuidar da sua alma com igual esmero; e quem cuida da alma tem de lembrar que ela é feita para coisas muito mais altas que a satisfação mesquinha e horizontal do “dever cumprido”.
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