A bola e a urna
- Robson Oliveira

- 14 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
Republico um texto antigo, que o Jornal do Brasil fez o favor de publicar há alguns anos. É uma analogia sobre a Copa do Mundo e as Eleições. O contexto foi o fiasco da Espanha na fase de grupos. Providencial e infelizmente, esse texto ainda tem certa relevância esse ano. Espero que gostem e que divulguem entre seus amigos e familiares. Eis um extrato:
Há incríveis semelhanças entre a bola e a urna: o Brasil encontra fanáticos da bola; a urna tem seus talibãs; a bola torna milionárias pessoas sem grandes qualificações intelectuais; a urna produz seus sultões bienalmente, mas à custa da população brasileira; a bola é a esperança de milhões de pessoas honestas mudarem de vida; a urna igualmente, só que lançando sombras sobre o comprometimento moral de seus candidatos. A bola é causa das paixões mais irracionais, arrebatadoras e violentas: a alegria; a urna também: o ódio! Contudo, há aspectos da bola com os quais não sabemos se a urna compartilha. A seleção da Espanha experimentou o lado mais amargo da bola no jogo de quarta-feira. Como diria o filósofo Muricy Ramalho, a bola pune. Com a crueldade da mulher traída no seu amor mais profundo a bola pune; com aquela amarga frieza própria da vingança justa a bola pune; muitas vezes com um sorriso estampado no rosto do torcedor, seu maior bem, a bola pune os que não lhe dão, como esposa ciumenta que é, o tratamento adequado. Sem considerar os eventuais benefícios recebidos no passado a bola pune; sem esquecer o desrespeito agora cometido, a bola pune; sem valorizar as boas intenções nos corações a bola pune; sem contabilizar futuros sucessos também a bola pune; enfim, sem a memória dos males mas também sem a esperança dos bens a bola pune. Será que a urna possui esse mesmo sentimento? Contudo, principalmente por causa da importância infinita do futebol, a bola pune e sempre punirá; em razão do contrato implícito na batalha futebolística, expressa dogmaticamente no ditado popular “quem não faz, leva”, a bola pune e sempre punirá; porque o torcedor tem o direito de ver o duelo de dois adversários que se respeitam, a bola continuará a punir a equipe que não se preparar suficientemente, que não respeitar o oponente suficientemente, que não der tudo de si nesse esmeraldino campo de batalha.

Para ler a íntegra, vejam aqui.









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