É preciso avançar no amor
- Robson Oliveira
- 22 de mar. de 2022
- 2 min de leitura
Há uma regra conhecida, por aqueles que tratam da vida moral: quem não se esforça para avançar e crescer na vida interior, vai inexoravelmente retroceder e perder até aquilo que pouco que porventura tenha. Trata-se da contradição expressa no Evangelho de São Mateus: quem perder sua vida vai encontrá-la; aquele que quiser salvá-la, por suas próprias mãos, vai perdê-la (cf. Mt 16, 24-26). Este trecho pode ser mimetizado em outros âmbitos da vida humana perfeitamente.

No campo dos estudos, a analogia é evidente: o aluno que não almeja ser ótimo e não trabalha assiduamente para tal, não demorará a pôr em risco inclusive os bons resultados que obteve. No campo profissional, o trabalhador que se contente com a média e que não mire o topo profissional, daí a pouco estará na vala comum da mediocridade e colocará em risco a competência e dignidade eventualmente alcançadas. Qual o princípio desta lei?
Ocorre que há uma regra que subjaz a estes eventos: é o amor o analogado principal nesta relação de analogia. É o amor que não avança se não exigido e, por isso, retrocede. É o amor a Deus que, não sendo alimentado e defendido, dá lugar ao egoísmo e destrói a vida interior; é o amor à verdade que, vendo frustrada sua sede de profundidade pela preguiça e pela vaidade, abandona o estudante a meio caminho do conhecimento; é o amor à verdade que, sendo abandonado no campo profissional pelos atalhos e pela ganância, torna o trabalho um peso e faz o indivíduo odiar o que faz. Esta analogia também vale - e com mais razão - à vida conjugal.
Se o casal não se esforça para alimentar, guardar, proteger o amor conjugal, este irá retroceder e morrerá fragorosamente. E por não almejar que o amor conjugal seja ótimo, por não se dedicar a que o próprio matrimônio seja excelente, muito brevemente este deixará de ser bom. Pois a verdade inconteste da prática humana é que acostumamos com os benefícios que possuímos e só com muito custo e esforço valorizamos, como se deve, os bens que Deus nos cumula. Por causa da sede de infinito que espanca cada dia o coração humano, os verdadeiros bens que possuímos - porque imperfeitos e limitados - causam enfado e rapidamente necessitamos permutá-los por outros bens (igualmente imperfeitos e limitados), que aplaquem temporariamente essa sede de Infinito.

Para que o matrimônio seja feliz, importa desejar cada dia que seja ótimo. Importa trabalhar cada dia para que se apaixone de novo pelo seu esposo e pela sua esposa. Só assim, tem metas muito altas, o amor conjugal conseguirá manter-se naquele nível minimamente saudável da amizade e parceira verdadeiras. Apontando para o ótimo, pelo menos acertará o bom. Mas se se contenta com o bom, o resultado é o fracasso e a frustração.
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